O teatro de sombras é a primeira técnica teatral conhecida na História da Humanidade. É provável que as raízes de sua origem remontem à pré-história, juntamente com a descoberta do controle e uso consciente do fogo, dentro de rituais de iniciação sacerdotais, ou, simplesmente, contando histórias sobre caçadas e vivências cotidianas em volta da fogueira. As sombras humanas, somadas às sombras de animais e elementos da paisagem, provocavam o fascínio e o deslumbramento que, até hoje, permanecem intactos no imaginário coletivo.
Especialmente na China, Indonésia e Índia, a técnica de gerar sombras através da exposição de máscaras bidimensionais a um foco de luz, projetadas em uma tela branca, tornou-se primorosa a ponto de sair do campo religioso (onde permaneceu por milênios) e entrar na esfera das manifestações artísticas, formando atores/manipuladores do teatro de sombras profissional, cuja Arte e técnica são transmitidas de geração em geração.
E, hoje, qual é o papel do teatro de sombras em tempos de internet, onde as relações humanas acontecem e se desfazem com a velocidade de um raio? A Casa Shigeo pretende responder a essa pergunta através de suas produções teatrais. Dramaturgias infantojuvenis utilizando a técnica milenar do teatro de sombras negras bidimensionais e, ao mesmo tempo, introduzindo uma técnica que desenvolveu ao longo de quatro décadas de pesquisas: a técnica do teatro de sombras coloridas, pintadas em folhas de acetato através da técnica da pintura em vitral.
De maneira explícita e ao mesmo tempo poética, a Casa Shigeo propõe um caminho para transcendermos o direcionamento do olhar: com o foco voltado para dentro (autopercepção) e também para fora. Para o outro, pelo outro, através do teatro de sombras negras e coloridas.



