Vejamos o que a escritora e dramaturga Cely Naomi Uematsu tem a dizer sobre o assunto!
“Quando eu era bem jovem, eu acreditava que, para ser verdadeiro, o meu texto teria que chegar às mãos de meu futuro leitor exatamente como ele fora concebido. À época, eu ainda não havia publicado nada, e, portanto, ainda não tinha leitores. Ou seja, naqueles anos adolescentes, eu achava que para ser honesta com o meu leitor e comigo mesma como escritora, o meu texto teria que ser publicado exatamente como ele tinha surgido em minha mente. Óbvio que, com esse pensamento, a ideia de uma pessoa ter a audácia de querer remexer em meus originais para modificá-lo, corrigi-lo, me parecia uma espécie de aberração inaceitável.
‘Muitos anos se passaram. Para a minha sorte, eu mesma me tornei revisora e aprendi muito com esse ofício. Ao longo do meu caminho, o meu olhar foi se modificando, inclusive no tocante à profissão do revisor, esse profissional imprescindível dentro do processo da produção gráfica de um livro. Porque eu entendi com muita serenidade (e humildade também) que não se trata de invadir a ideia original do autor, mas, sim, de permitir que o escritor se concentre, basicamente, em sua tarefa de transpor ideias impalpáveis e ainda existentes apenas no seu imaginário, materializando-as através das letras (e, no meu caso, também através das imagens, já que sou ilustradora de minhas obras infantojuvenis), deixando para um técnico (o preparador e o revisor de texto) os pormenores do labor de corrigir a ortografia, sugerir mudanças, adequar uma ou outra palavra ao andamento da história.
‘Ok. Estamos em tempos de inteligência artificial. Portanto, a revisão não poderia ser executada por esse ser invisível que tem um poderosíssimo HD no lugar de um cérebro? E o que dizer do próprio ofício de escrever histórias inéditas: uma inteligência artificial já não escreve e descreve muitíssimo melhor do que muitos humanos de carne e osso?
‘Sim. Isso é verdade. A nossa realidade inclui a inteligência artificial, mesmo assim, por enquanto, o revisor humano (assim como o escritor humano) não deveria ser dispensado da delicada e detalhista cadeia produtiva que envolve cada passo da transformação dos originais de uma história para a obra finalizada, em forma de um livro impresso. (Aliás… o livro impresso também não deveria desaparecer da vida de um leitor, seja ele adulto ou infantojuvenil.)
‘E, antes de encerrar esta fala, faço minha homenagem a Elizabeth Pacheco Lomba Kozikoski, professora de Inglês/Português/Libras que também é revisora. No projeto João Clemente e Maria Pula-Fogueira, pelo ProAC 22/2023, ela assumiu a revisão do livro. Uma pessoa maravilhosa e uma profissional muito respeitada, que, atualmente, vive em Pariquera-Açu, no Vale do Ribeira, mas trabalha em Registro, cidade onde cresceu e também fez amigos e histórias. Muitas histórias!’”
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